Nego Drama

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mulatas Puro Sangue


E no Brasil, não foi diferente a exclusão das culturas afro-brasileiras, sempre envolveram certas tradições que expandiram a cultura de massa, influenciadas por contribuições que só podem ser atribuídas a cultura negra.
Na trajetória da cultura do negro, podemos acompanhar momentos históricos na sociedade brasileira, como:
O deslocamento da cultura européia, muitas vezes imposta forjou padrões de cultura, que excluíram simultaneamente o restante do mundo, digamos em especial o continente africano.
No tocante a influência européia, o fascínio pelo sabor erótico e pelas diferenças étnicas , culturais e sexuais, uma total oposição do antigo olhar da alta cultura européia, mas lembra e muito o momento que houve no modernismo com o primitivo no inicio do século 19, o deslumbramento pelo corpo da mulher e do homem das demais etnias em especial pelo negro.Mas haverá uma autorização deste olhar? Até onde vai a identidade cultura e autonomia da cultura de um povo?
Jussara ( Zuca) Rainha da bateria de uma das escolas de samba de Pelotas.

A cultura negra, representa a base de sentidos, experiências, prazeres e memórias de um continente, porém dentro da ordem social dominante foram excluídos, dando origem a conexão forjada da miscigenação, apropriação, cooptação e rearticulação junto a cultura européia, dissimulando a cultura negra somente com o sensual, quente e erótica.
E no espaço social alheio o negro, influenciou inovações lingüísticas e corporal, posturas e gingados constituindo culturas existentes e pré – existentes, confluindo para uma contribuição riquíssima na cultura brasileira.
Esta miscigenação e a conformação cultural de magníficos e belos corpos que bailam ao som de tambores aponta para a reflexão do alinhamento das questões: raça, classe, gênero e sexualidade que aglutinam-se causando mal-estar na miscigenação, não escondendo o racismo preponderante ainda na sociedade brasileira.
Há quanto tempo mulheres e homens estão representando as fantasias sexuais, que até hoje foram conservadas pelos herdeiros dos senhores da casa-grande ?E a cultura do negro brasileiro?E o imaginário masculino?É necessário a mulher negra só sambar nua?Até quando ligaremos a TV, e o apresentador anunciará as dançarinas de samba como de puro sangue, semelhante à apresentação de cavalos e mulas em um páreo e as cervejarias que divulgam que é pelo corpo que se conhece a negra?
É evidente que homens e mulheres negros no período de carnaval vivem sua contra-identidade, dando espaço a mesma cultura popular que ajudaram a formar, mas que os consomem e massificam e determinam o sujeito negro erotizado, que será neste período.
A cultura não pode acabar, mas devemos realmente exigir ações afirmativas na mídia, não só para campanhas contra o racismo, mas por todas as situações que nos remetam a ocasiões onde ser negro é ser exótico e despertar fantasias sexuais, em gringos e brasileiros, a partir deste momento devemos dizer a esta cultura cauterizada no imaginário nacional o que deve mudar e como queremos que tratem a população negra.
Jamyle Vanessa Brasil
Coordenadora da Unegro-RO
Fórum Nacional de Mulheres Negras

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Um novo lugar para o negro no Carnaval e na sociedade

Por/ 
Carlos Alberto Carlão de Oliveira


A preservação da cultura negra no Brasil, em especial em Salvador, a maior cidade negra fora da África, interessa não apenas aos afrodescendentes e sim a todos os brasileiros porque ela é um dos pilares do que somos hoje enquanto povo e nação.


Além do extermínio físico da nossa juventude, vemos também a tentativa de destruição de nossa identidade cultural e ofuscar nossa herança, como se isso fosse possível.

No período do Carnaval o que mais vemos são discussões sobre a democratização da maior festa popular de Salvador. Qual é o lugar do negro no Carnaval da Bahia? Esse é o questionamento que necessita e exige ser feito.

Quando se discrimina os blocos afros, afoxés e outros grupos que reúnem em sua maioria afrodescendentes entendemos que isso representa um ataque à nossa cultura, nossa origem e nossa raiz.


Uma coisa lamentável que não se rompe por falta de vontade política é a famigerada ordem de entrada na avenida. Os blocos de trio são os donos, parece até que por vontade divina ou hereditariedade, do espaço público. Há uma série que nunca se rompe e que deixa os blocos afros somente para a madrugada. Por que não se estabelecer um novo critério que acabe com uma regra que o povo negro não estabeleceu já que o Ilê Aiyê, por exemplo, iniciou suas atividades em 1974? Por que esconder a negritude de nossa cidade?

Até mesmo uma grande parte dos compositores das músicas gravadas pelas grandes estrelas da chamada "Axé Music" são moradores dos bairros mais carentes como Nordeste de Amaralina, Engenho Velho da Federação, Liberdade, Subúrbio Ferroviário e outros. Não por coincidência são "quase todos pretos. Ou quase pretos". São desconhecidos e invisíveis. A música é sempre atribuída ao intérprete. Quem ganha com a invisibilidade do negro?

Temos uma cultura de resistência e vamos continuar nessa postura. Não aceitamos ser coadjuvantes em nossa própria casa. Nossos sábios e mestres podem não ser citados, mas é nossa a cultura que eles cantam mesmo nos negando. Acabar com isso não se faz do dia para a noite porque temos que levar em consideração que um quinto da existência do Brasil se deu debaixo de uma brutal escravidão do negro.

A resposta dos negros sempre teve na cultura sua forma mais forte para superar as dificuldades e neste momento que se discute o Carnaval é oportuno que a sociedade debata com firmeza a questão de combate ao racismo e destruir a imagem mental de inferioridade que tentam colocar sobre a população negra.

Outro lugar em que os negros são majoritários no Carnaval é segurando as cordas dos grandes blocos.

Enquanto os grandes blocos, os que têm as melhores atrações e concentram a maior quantidade de "gente bonita", como dizem os apresentadores de TV, que na prática significa gente branca e rica; recusam-se a pagar e respeitar os chamados cordeiros. A função dos cordeiros é proteger os endinheirados do povão sem grana que fica do lado de fora das cordas. Uma ironia. Os sem dinheiro que seguram as cordas, impedem os sem dinheiro do lado de fora ameaçarem os "com grana" do lado de dentro das cordas.

Para que os grandes empresários do Carnaval forneçam aos cordeiros calçado adequado, diária de R$ 50,00, com base em adicional noturno, horas extras e insalubridade há uma grande luta em andamento. Os donos de blocos não aceitam a reivindicação.

Fazemos esta analogia entre o Carnaval e a realidade social e racial que enfrentamos no Brasil para mostrar que falta muito a caminhar para juntos construirmos uma sociedade fraterna, igualitária, onde exista a igualdade de oportunidades. Vamos juntos, independente da etnia, continuar nossa luta contra todas as formas de discriminação e de combate ao racismo.

Para finalizar, utilizamos a clássica frase de Nelson Mandela como uma forma de esperança do Brasil e do mundo que queremos um dia viver. "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a 

amar."


fonte: Atitude & Comunicação

O Brasil é um país Racista?

Por Walter Hupsel


Quando os Estados nacionais começaram a se consolidar precisaram construir uma narrativa sobe si mesmos que os diferenciasse dos outros. Os Estados Unidos, carentes de mão de obra e com um imenso território hostil, criaram o mito da “Terra da Oportunidade”, onde qualquer um, caso se esforçasse, conseguiria sucesso. Aqui, criamos vários mitos, e o que mais persiste é o das “três raças” que convivem harmoniosamente.


O Brasil não é um país racista, mas qual cor predomina nas instâncias de poder?


Esta falácia brasileira encontra adeptos até hoje, que insistem em dizer que não existe racismo entre nós e a discriminação seria, no máximo, de carácter socioeconômico. Nessa linha, haveria uma discriminação contra os pobres (potencialmente ladrões) que, por uma tristeza histórica, por um legado de mais de cem anos nunca encarado de frente, são maioritariamente negros. Isso aplaca nossa culpa e joga nosso racismo para baixo do tapete, transformando-o numa coisa mais palatável.

Esta tese foi repetida exaustivamente quando do debate sobre as cotas raciais. “Não somos racistas, não há discriminação racial, portanto, as cotas, ao invés de solucionarem um problema, o criarão”. Em suma é este o pensamento de Ali Kamel e seu pupilos, Arnaldo Jabor e Demétrio Magnoli (este último brilhantemente refutado, com requintes de crueldade, pelo professor do Departamento de Antropologia da USP, Kabengele Munanga).

Somos cordiais, amigos, sambistas por excelência, boleiros desde o nascimento, despidos de qualquer racismo. Quem insiste no contrário é porque quer dividir este povo tão amável! Mas eles esqueceram de combinar com a Agência Estado. Uma matéria publicada na úlitma terça-feira (08) mencionava que somos mais exigentes que os gringos na hora de adotar uma criança. “Segundo dados do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), quase 100% dos casais brasileiros recusam crianças negras, pardas e indígenas, enquanto 77% dos estrangeiros são indiferentes à cor da pele.”

Aqui, nesta simples matéria, o racismo é desmascarado duplamente. Vejamos a proporção. Quase 100% dos possíveis pais adotivos brasileiros não adotam crianças que não sejam brancas. Para os estrangeiros, isso fica em torno de 23%.

A verdade, no entanto, se revela quanto mais se tenta escondê-la. Digamos que isto seja um famoso “ato falho”. A matéria fala que somos “mais exigentes” que os gringos. Numa primeira leitura imaginei algo mais irrelevante como exigência, talvez a idade. Pais adotivos quereriam bebês, e não crianças, ou não querem que o bebe seja fruto de um incesto…

Mas não, os casais brasileiros se recusam a adotar não-brancos e condenam os milhares de recém-nascidos negros, pardos ou indígenas a uma vida em orfanato simplesmente por serem… negros, pardos ou indígenas!

Segundo a mesma matéria, temos hoje 31.000 mil casais querendo adotar, ansiosos por ter um filho, e apenas 8000 crianças para adoção. Mas não tão ansiosos assim, afinal somos um povo criterioso, exigente, não nos contentamos com qualquer criança. Ela tem que ter saúde, ser fruto de uma relação saudável… e, a maior das exigências: ser branca.

A reportagem se refere exatamente a isso, em uma linguagem criteriosamente escolhida para tentar esconder o enorme preconceito e, por isso mesmo, o revela. Num jogo de mostra-e-esconde, tentamos esconder nosso racismo, mas revelamos, como nunca, nossa hipocrisia.



Walter Hupsel é doutorando em Ciência Política pela USP e Professor de Ciência Política e Relações Internacionais na Faculdade Santa Marcelina. Nasceu em Salvador.


Fonte: Zwela Angola



sábado, 12 de fevereiro de 2011

Advogada denuncia prisão ilegal de cacique Tupinambá

Ilhéus/Bahia - Lideranças indígenas de Ilhéus estão denunciando a prisão arbitrária da cacique tupinambá Maria Valdelice Amaral de Jesus, da Aldeia de Itapuã, localizada na terra indígena Águas de Olivença, no sul da Bahia, presa – segundo a defesa – de forma totalmente ilegal e arbitrária, e recolhida, desde o final do mês passado, ao Presídio de Ferradas, em Itabuna.
cacique tupinambá Maria Valdelice Amaral de Jesus, da Aldeia de Itapuã


A cacique é acusada de invadir uma fazenda na área de 47 mil hectares, em processo de demarcação, e está presa desde o dia 03 de fevereiro, em caráter preventivo a pedido da Polícia Federal.

A prisão teria sido motivada pelo fato da líder indígena já responder a outros processos sob a mesma acusação, porém, segundo a advogada Adalice Gonçalves, a decisão da juiza Karine Costa Carlos Rhem da Silva, é uma “flagrante ilegalidade, uma vez que se trata de mulher da etnia indígena, e como, tal, sujeita a ser recolhida próxima de sua aldeia”.

“Não houve prisão em flagrante delito, não há nos autos qualquer materialidade de autoria que ensejase a decretação a prisão preventiva”, afirmou. A advogada lembrou que o próprio Ministério Público Federal, posicionou-se contrário à prisão, o que foi ignorado pela juíza da Justiça Federal, em Ilhéus.

“O caso diz respeito a ato praticado na tentativa de retomada da terra indígena pelos índios Tupinambás, e, portanto, referente à disputa sobre direitos indígenas que, pela inércia do Estado, obriga-os a tentar fazer por conta e risco a auto-demarcação dos seus 47 mil hectares de terras indígenas já demarcados, ditos Territórios Tradicionais. O Estado brasileiro tem uma dívida histórica com os Povos Indígenas que são os detentores da terra e não invasores de terras, pouco importando que as propriedades envolvidas estejam há muito tempo na posse supostamente mansa e pacífica dos posseiros”, afirmou Gonçalves.

A Advogada denunciou que está em marcha no sul da Bahia “um processo de criminalização das lideranças indígenas” e entrou com Habeas Corpus no Tribunal Regional Federal da Primeira Região – Secção Judiciária da Bahia – pedindo a soltura imediata da líder indígena.

Revolta

Na comunidade indígena Tupinambá a revolta pela prisão da líder é grande, porém, até o momento não houve nenhuma manifestação, porque os indígenas temem que a líder sofra retaliação na cela em que se encontra.

A advogada da líder indígena disse que a cacique está sendo abandonada, inclusive pela FUNAI, que não fez qualquer gestão para evitar sua prisão, nem lhe deu assistência jurídica – como deveria. “Foi por essa razão, que entrei com o Habeas Corpus”, afirmou.

A advogada também manifestou preocupação pelas condições em que a cacique está recolhida pois é hipertensa e tem saúde debilitada.

Solidariedade sindical

O Secretário Nacional da Diversidade Humana da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Magno Lavigne, manifestou, em Nota, o protesto da central pela "prisão injusta" da líder indígena e expressou a solidariedade dos trabalhadores à luta dos povos indígenas - inclusive dos Tupinambás - em defesa de suas terras.

"Os povos indígenas, ao longo desses 500 anos, foram expulsos de suas terras pelos grandes fazendeiros e latifundiários, que pretendem avançar com o agronegócio, desalojando, quase sempre pela violência, os primeiros habitantes do Brasil. A causa indígena pelo direito às suas terras, é a causa do Brasil por Justiça. Toda a nossa solidariedade à cacique Valdelice, a líder tupinambá, injustamente presa", afirmou.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Vitória da democracia: Ditador amigo dos EUA renuncia ao poder no Egito!


No 18º dia de protestos, o chefe do regime ditatorial do Egito, Hosni Mubarak, declarou a renúncia ao cargo de presidente, após 30 anos de permanência no cargo. O anúncio foi feito pelo vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, que também apresentou sua renúncia.   



O povo está em festa nas ruas do Cairo e em todo o país. As gigantescas manifestações populares abriram o caminho à democratização do país e mudanças sociais e políticas mais profundas.



O desfecho é uma derrota não só do ditador como também, e principalmente, do imperialismo estadunidense e de Israel, que até ontem clamava ao mundo por apoio a Mubarak.



Os Estados Unidos se comportaram feito barata tonta ao longo dos últimos dias, com sinalizações contraditórias, mas sem nunca colocar em questão o apoio ao ditador, um velho e fiel aliado do império e de Israel. 



Renúncia surpreende



Os milhares de manifestantes que estavam reunidos na praça Tahrir, no centro da cidade do Cairo, comemoraram a decisão. Uma multidão foi às ruas de várias cidades do Egito no início da noite no país, para festejar a decisão.



A surpreendente renúncia do ditador, que na noite de quinta-feira em um discurso à nação assegurava que se manteria no cargo até as eleições de setembro próximo, ocorreu no momento em que se encontrava com sua família no balneário de Sharm El-Sheikh, na costa do Mar Vermelho.



Até a semana passada, a repressão policial às manifestações causou a morte de pelo menos 300 pessoas — segundo um relatório não confirmado da ONU — e milhares de feridos, de acordo com fontes oficiais e médicas do país.



Uma explosão de protestos nesta sexta-feira (11) em rejeição ao "fico" do chefe do regime aparentemente fez com que os militares agissem e forçassem a queda de Mubarak e de seu vice-presidente. 



Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas ao longo do dia em várias cidades do país em protesto pela permanência de Mubarak na presidência. Manifestantes cercaram o palácio presidencial no Cairo e em Alexandria e cercaram também o edifício da TV estatal. Um governador de uma província do sul foi pbrigado a fugir diante das manifestações realizadas contra o poder vigente.



Este foi o dia das maiores manifestações do levante iniciado em 25 de janeiro, quando todos os setores da sociedade civil se uniram para ir às ruas em protesto contra a permanência de Mubarak.



"Diante das graves circunstâncias que o país atravessa, o presidente Mubarak decidiu deixar o cargo de presidente da república", anunciou em tom grave na TV estatal o ex vice-presidente Suleiman. "Ele designou as o Conselho Supremo das Forças Armadas para dirigir de agora em diante o Estado".

fonte: André lux

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Lideranças acusam Governo baiano

Salvador - O governador da Bahia, Jacques Wagner, do PT, está sendo denunciado por lideranças negras, acusado de inviabilizar a participação da ativista Vida Bruno, indicada por entidades nacionais do movimento social, para participar do Fórum Social Mundial, que acontece em Dakar, no Senegal, deste domingo, dia 06, até o dia 11/02, sexta-feira.


Governador da Bahia Jacques Wagner PT


Segundo ativistas, o Governo indicou o secretário Paulo César Lisboa e a coordenadora de articulação social, Meire Cláudia, para ir a Dakar, e manobrou para impedir a viagem de Bruno, temendo ser denunciado aos fóruns internacionais, pela postura da Polícia Militar baiana, acusada pelo assassinato sistemático de jovens negros.

Segundo os ativistas os casos de homicídio cresceram 50% na gestão de Wagner, dados que seriam da própria Secretaria de Segurança Pública do Estado. Boa parte desses crimes seriam praticados por policiais, que não são punidos, por conta da omissão das autoridades do Estado.

Afropress tentou fazer contato com a Assessoria de Comunicação do Governo da Bahia, sem sucesso.

A ministra chefe da SEPPIR, Luiza Bairros, integra a comitiva representando o Governo brasileiro no Fórum.

Falta de compromisso

“O Governador Jacques Wagner não cumpre com seu compromisso público assumido no ano passado na abertura do Fórum Social Mundial Temático da Bahia, de apoiar uma delegação representativa”, afirma Consuelo Gonçalves, liderança quilombola e uma das articuladoras da participação baiana no Fórum.

Segundo ela, de trinta passagens para representantes de entidades, o Governo garantiu que teria condições de ceder três e também não fez a gestão do participação das entidades, usando como desculpa o período eleitoral. “Para completar, acordou tudo isso na calada da noite, com as Centrais Sindicais, que fizeram mistério sobre as passagens", acrescenta.

A ativista disse que a postura do Governo da Bahia caracteriza racismo institucional. “No ano declarado pela ONU como Ano dos Afrodescendentes, o Estado mais negro do país e que realizou uma etapa do FSM, age com total falta de transparência e tenta manipular para enviar três pessoas da sua confiança para Dakar. Por que?”, questiona.

Os ativistas tornaram pública uma Carta/Denúncia sobre as ações do Governo da Bahia para tumultuar e inviabilizar a participação de lideranças independentes em Dakar.

Leia, na íntegra, a Carta


CARTA DO COMITÊ BAIANO



Ao :
Governador Jaques Wagner
Comitê Brasileiro do FSM
Comitê Internacional do FSM

Nós, Movimentos Sociais, integrantes do Comitê Baiano do Fórum Social Mundial vimos, através desta, assegurar que estamos devidamente preparados para representar a Bahia, bem como contribuir com os debates que ocorrerão no FSM de Dakar – Senegal de 06 a 11 de fevereiro do corrente ano, marcar presença com símbolos, expressões culturais e políticas, nitidamente baianos e nacionais e ao mesmo tempo universais na perspectiva de uma outra globalização.

A Bahia e suas populações indígenas e afrodescendentes representam um território referencial extremamente significativos entre todos os lugares onde o marco civilizatório mantém sua perversidade, seus processos desumanizadores onde destaca-se o extermínio de jovens nas áreas urbanas e metropolitanas e formas sutis de dominação e manipulação das mentes humanas via sistemas diversos tais como educação, comunicação, trabalho, saúde, educação, emprego e renda, segurança pública, lazer, práticas religiosas, dentre outras.

Em decorrência desses fatores os Movimentos Sociais tem contribuído na construção de políticas públicas, democráticas, inclusivas e participativas, a fim de transformar as realidades historicamente produzidas pelo modo de produção material e imaterial capitalista.

Entendendo que a palavra, segundo as Escrituras Sagradas “se faz verbo e o verbo se fez carne” . Portanto nosso entendimento, ou seja, dos movimentos sociais e da sociedade civil que estiveram nas dependências do TCA, no dia 29 de fevereiro de 2010, naquele momento foi firmado um compromisso, pela palavra, através de um enfático discurso de Vossa Excelência, de modo que não procede a retração imposta por este governo, conforme e assegurado pela SERIN, na pessoa do Senhor Secretário Paulo César Lisboa.

Diante do exposto, o Comitê Baiano do FSM Temático BA, vem solenemente apresentar as deliberações da última plenária, realizada na tarde do dia 24 de janeiro, na UCSAL – LAPA:

1. Audiência dos Movimentos Sociais com o Governador , com os objetivos de garantir os compromissos assumidos no período do FSM Temático BA, e portanto o apoio do Estado à Delegação composta por trinta Organizações do Movimento Social ao FSM de Dakar Senegal, passagens , hospedagens e alimentação;
2. Viabilização da chegada Prévia da Coordenação do Fórum Temático BA com passagens , hospedagens e alimentação;
3. Diálogo do Governo do Estado com seus parceiros no Senegal , para apoio a Captação por parte da BA do Fórum Regular 2013;
4. Garantia de rubrica do Estado para o Fortalecimento das Ações e dos Eventos do Comitê Baiano no Fórum Social Mundial;
5. O reconhecimento e a análise dos gastos públicos já investidos neste Fórum, no período- pré -eleitoral e a postura deste governo pós-eleições para com os movimentos sociais do Estado da BA, para com o Brasil e para o Mundo, pois o que realizamos foi uma etapa do FSM de Dakar Senegal, o que portanto recebeu convidados do Mundo Inteiro, e desenvolveu um papel estratégico na cidade de Salvador, demonstrando para o Mundo que Salvador BA, que acreditar e construir um Outro Mundo Possível.

Mas se nossos governantes não estão preparados e comprometidos com estes níveis de solidariedade e rede de articulação mundial para o desenvolvimento humano e garantia dos direitos e da democracia dos Povos o qual propõe a tese do FSM, contra o neoliberalismo que oprime e empobrece cada vez mais pessoas no mundo e o Estado da BA, estampa a tese neoliberal nas ruas da cidade de Salva dor, na especulação imobiliária x moradores de rua, na segurança dos bairros nobres de salvador x o genocídio da juventude negra pobre e periférica pela polícia, da pompa dos Templos Universais e sua força política x a Intolerância Religiosa que ataca os Terreiros da BA depredados a ponto de ter seus Terreiros Invadidos e desrespeitados conforme Constituição Brasileira e enfim da Bahia de Todos Nós x os imensos privilégios e racismo de alguns que mandam .

Comitê Temático BA do FSM

Salvador, 26 de janeiro de 2011.



Fonte: Afropress