Nego Drama

quarta-feira, 30 de março de 2011

Presidente da Palmares repudia declarações de Bolsonaro


Da Assessoria de Comunicação    
O presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, reagiu com indignação às declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) e estuda, com o departamento jurídico da instituição, a adoção de medidas contra o ato de racismo. Dentre outras ofensas, o deputado, respondendo a uma pergunta da cantora Preta Gil sobre o que faria se o filho se apaixonasse por uma negra, respondeu que não iria “discutir promiscuidade”.   

“É preciso coibir todo e qualquer ato que vise fomentar o racismo. E é isso que faremos”, reagiu Araujo.   
OS FATOS – As declarações ofensivas foram dadas na noite da última segunda-feira, 28, ao programa humorístico CQC, atingindo, principalmente, os negros e os homossexuais. E tiveram grande repercussão nas mídias sociais. Dentre outras coisas, o parlamentar disse que não conseguia imaginar o que faria se tivesse um filho gay. “Isso nem passa pela minha cabeça, eu dei uma boa educação, fui pai presente, não corro este risco.”   

Questionado sobre cotas raciais, o político disse que “não entraria em um avião pilotado por um cotista nem aceitaria ser operado por um médico cotista”. Mas a resposta mais grosseira foi dada ao questionamento feito pela cantora Preta Gil, filha do ex-ministro e músico Gilberto Gil: “Oh, Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu”.   
REAÇÕES – Em seu perfil no Twitter, Preta Gil afirmou que irá processar o deputado: “Não farei somente por mim e pela minha família, que foi ofendida e caluniada por ele, mas também por todos os negros e gays desse País”, escreveu Preta Gil. Já o deputado e ativista do movimento gay Jean Wyllys (PSOL-RJ) declarou, também no Twitter, que irá encaminhar, o mais rapidamente possível, uma representação “contra esse racista homofóbico no Conselho de Ética da Câmara”.   

Com a repercussão pública negativa, Jair Bolsonaro esboçou uma defesa inconsistente, em entrevista ao portal G1: “O que eu entendi, na pergunta, foi ‘o que você faria se seu filho tivesse relacionamento com um gay’. Por isso respondi daquela maneira”, disse. “Não sou racista. Apesar de não aprovar o comportamento da Preta Gil, não responderia daquela maneira”.   
CRIME INAFIANÇÁVEL – O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, lembrou ainda que racismo é crime inafiançável e imprescritível (Constituição Federal), estando sujeito a pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa (Lei 7.716). Enfático, Araujo diz que as declarações do deputado ferem a dignidade humana, lembrando que foram dadas fora do Parlamento.

As leis

Constituição Federal    
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil   
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.   
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:   
 XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;   
Leia aqui a íntegra da Constituição    
Lei 7.716    
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.   
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.   
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.   
Leia aqui a íntegra da lei 7.716  

Protestos

Jean Wyllys, deputado federal (PSOL) e escritor  
“Peço aos cidadãos que se sentiram ofendidos com o episódio envolvendo o Bolsonaro que enviem suas manifestações para cdh@camara.gov.br ”;  
Luciano Huck, apresentador (Rede Globo) 
“Feliz um país que tem alguém como você como cidadã. Lamento por aqueles que votaram neste infeliz que está onde não deveria estar”; 
Brizola Neto, deputado federal pelo PDT    
“Bolsonaro, como deputado, não está acima das leis. E, graças a Deus, uma das leis é a que faz do racismo um crime inafiançável”;  
Zélia Duncan, cantora   
“Bolsonaro admite ser homofóbico, mas nega ser racista, pois racismo no Brasil é crime, homofobia, não. Quem está enojado como eu levanta a mão!”;   

Outras repercussões

Confira abaixo mais repercussões sobre o ato lamentável caso:   
Revista Quem – Em entrevista exclusiva a Revista Quem, advogado de Preta Gil confirma que a cantora ajuizará ações nas esferas cível e criminal contra o deputado Jair Bolsonaro pelos crimes de racismo e homofobia.  As comissões de Direitos Humanos e Ética da Câmara dos Deputados também serão notificadas para apurar possível falta de decoro parlamentar. Para ler a notícia completa, clique aqui.   
Jornal do Brasil – Cantora Preta Gil solicita ao Ministério Público apuração de crime de intolerância racial e homofobia contra o deputado Jair Bolsonaro. Em entrevista ao programa CQC, ao responder se aprovaria o relacionamento de seu filho com uma negra, o parlamentar disse que “não corria o risco”por que eles foram “muito bem educados” e não viveram num ambiente “como lamentavelmente” era o dela. Para ler a notícia completa, clique aqui.   
Estadão – Em entrevista na noite da segunda-feira, 28, ao programa CQC, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) deu declarações que tiveram grande repercussão nas mídias sociais e devem gerar reações de diversas entidades e militantes, como os movimentos gay e negro. Questionado sobre cotas raciais, disse: “Eu não entraria em um avião pilotado por um cotista nem aceitaria ser operado por um médico cotista.” Para ler a notícia completa, clique aqui.   
O Globo – Preta Gil se emociona e chora de indignação ao assistir o vídeo exibido pelo programa CQC com entrevista de conteúdo racista do deputado federal, Jair Bolsonaro. “Advogado acionado, sou uma mulher negra, forte e irei até o fim contra esse deputado, racista, homofóbico, nojento, conto com o apoio de vocês”.  Mensagem postada em seu perfil no Twitter. Para ler a notícia completa, clique aqui.   
A Tarde – Em resposta a uma pergunta feita por Preta Gil sobre a possibilidade de seu filho se envolver com uma mulher negra, o deputado Jair Bolsonaro responde: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”, disse. Para ler a notícia completa, clique aqui.    
Folha de S. Paulo – Flávio e Carlos Bolsonaro defendem a atitude do pai, Jair Bolsonaro, que afirmou em entrevista ao programa CQC não “correr o risco” de um de seus filhos se apaixonar por uma mulher negra. E completou: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Para Flávio e Carlos, o pai não entendeu a pergunta. Para ver a notícia completa, clique aqui.   
Estadão – Deputados ameaçam representar no Conselho de Ética do Congresso Nacional contra declarações racistas e homofóbicas de Bolsonaro. Para ler a notícia completa clique aqui.   
Na TV – O colunista Fernando Oliveira, do Portal IG, publicou carta aberta ao deputado federal Jair Bolsonaro, do PT do Rio de Janeiro, e ao programa CQC exibido na emissora Band. Na carta, Oliveira propõe a reflexão: “O programa é mesmo uma lufada de ar fresco no humor brasileiro. Mas até que ponto explorar esse tipo de situação pode de fato despertar uma reflexão mais apurada?”. Para ler a notícia completa clique aqui.   
Correio 24 horas – O jornal baiano noticiou as declarações do deputado federal. A população considerou as falas racistas e homofóbicas. Jair Bolsonaro será processado por Preta Gil. Para ler a notícia completa clique aqui.   
Twitter – Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, defende pai dizendo que a “crítica” foi à postura de Preta Gil e não ato preconceituoso direcionado à população negra. “Bolsonaro não é racista nem homofóbico, é apenas contrário às cotas raciais e à apologia ao homossexualismo”. Para ler o perfil de Carlos no Twitter, clique aqui.   
Correio Popular – Brizola Neto afirma que a Constituição jurada por Bolsonaro deixa claro ser crime qualquer ato de racismo. Brizola Neto diz não saber se retratação de Bolsonaro a esta altura seria suficiente. Para ler a notícia completa clique aqui.   
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2011 foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Mundial dos Povos Afrodescendentes. 

domingo, 27 de março de 2011

O que não sei, mas acredito que sei


Crônica:

O que não sei, mas acredito que sei

Ser ou não ser, eis a questão! O que realmente somos? Somos morenos? Somos pretos? Somos de cor? Ou somos negros? A auto - estima do ser humano é de extrema importância para o desenvolvimento do cidadão, em diferentes setores da sociedade. Tanto em esferas profissionais, sócio educativas, politicas, culturais ou de saúde. E a identidade do individuo é o ponto de partida para varias conquistas. Um ser sem identidade, é uma pessoa sem referencias, sem historia, sem um inicio. Sem isso ele não saberá como chegar ao êxito com seus projetos e princípios. A raça é única... 'raça humana'. Por mais que ainda não tenhamos compreendido dessa forma. Existe uma única raça e é ela que nos da oportunidade de nos irmanarmos, sem distinção das diferenças. Mas somos um Brasil constituído de diversas etnias. E é essa confusão de princípios culturais e linhas de raciocínios que torna a sociedade mais discriminadora e desumana.
Mesmo sendo filhos do mesmo Deus, nós cristãos ocidentais, principalmente, somos constituídos por diferentes instituições religiosas. Essa é uma identidade muito forte, que na maioria das vezes faz com que esquecemos que o Deus superior é único e unipotente. E colocamos a frente de tudo os princípios da instituição religiosa a que pertencemos e não os verdadeiros princípios bíblicos. Nos induzimos a crer que a minha instituição religiosa é melhor do que a do outro. Sendo que o outro se julga filho do mesmo Deus, talvez com uma nome diferente, mas o Deus é o mesmo. E por causa disso muitos foram queimados na inquisição. Pessoas se degladeiam diariamente em nome de Deus. Os escravos foram torturados pelos jesuítas na tentativa de catequisar, pois segundo a instituição dos jesuítas, os negros eram filhos do diabo. E atualmente, quantas criticas os católicos já fizeram dos crentes e quantas os crentes já comentaram sobre os católicos? Essa é uma realidade constante! E somos cristãos. Somos religiosos. Mas quem é meu irmão em Deus?
As cores politico partidárias, camufladas de princípios ideológicos, também servem como mecanismos para instigar a discriminação. Evitar oportunidades para alguém porque é de outra sigla, outra bandeira partidária. Promover criticas infundadas, sem embasamento teóricos, somente porque sou de oposição. Ou porque estou numa posição confortável. Se o projeto é bom ou ruim, qual a diferença? O importante é fazer a critica, jogar a merda no ventilador. E essa discriminação atinge principalmente aqueles que já são discriminados historicamente, o povo negro e branco, que vive as margens. Pessoas que trabalham o dia todo, acreditando num mundo melhor. Mas quando ouvem aqueles que foram escolhidos para lhes representarem, não ouvem nada consistente, que possa realmente devolver a esperança e a fé. Ouvem apenas palavras errôneas, sem nexo, embasadas em suposições, que não levarão a lugar algum. Quem sai ganhando com isso? Essa é mais uma prova de que a discriminação é muito sutil.
A camiseta que deveria servir para aquecer o ser humano, acaba matando, violando os direitos humanos. Uma camiseta branca simboliza a paz. Uma verde a esperança. A vermelha paixão. Azul lealdade e sonho. A amarela descontração. Essas camisetas sendo com cores lisas promovem esses sentimentos e princípios. Mas se nelas adicionarmos um escudo ou brasão, tudo muda de figura. Se na branca colocarmos o do Corinthians e na verde o do Palmeiras. A coisa fica preta e tensa. E já não mais existirá a paz e nem esperança. Se a amarela torna-se, a canarinho da seleção brasileira. A azul, a celeste argentina. Sonhos viram pesadelos e a descontração passa a ser agressividade verbal e física. As cores vermelhas e azul, bom essas todos nós já sabemos o que elas simbolizam e o que podem provocar. A violência é uma consequência, pelo puro prazer de discriminar. Timinho. Timão. ‘O juiz pode esperar a tua hora vai chegar’! Grêmio, Internacional, Palmeira, Corinthians,... São times de futebol ou um exercito promovendo uma guerra que discrimina e mata? Quantos já tivemos vontade de agredir ou matar, durante uma partida de futebol?  De qual torcida organizada tu é?
Como percebemos temos inseridos na sociedade diferentes mecanismos que fomentam a discriminação. Mas a culpa não é da politica partidária, que simboliza princípios ideológicos. Nem da religião que incentiva a termos fé. Menos ainda do futebol que promove a alegria e o lazer. A culpa é nossa, que não somos capazes de fazer a leitura correta desses movimentos. Compreendemos erroneamente e na maioria das vezes colocamos em pratica de forma esdruxula. Ultrapassando o limite da minha liberdade e dos meus direitos. Não há diferença se estou usando uma camiseta com o slogan ‘100% Negro’ ou com uma camiseta onde está estampado o brasão de alguma família que veio da Alemanha. Não é isso que nos tornará discriminadores! Apenas estamos assumindo a verdadeira identidade ou a identidade com a qual nos identificamos. O preconceito e a discriminação são consequências dos nossos atos e atitudes, não do brasão que está estampado em alguma camiseta. Exemplo disso é que muitas pessoas usam camisetas com o slogan ‘diga não as drogas’, e no entanto enche a cara de cerveja ou entope o nariz de pó. Ou tem um adesivo bem grande no carro, ‘diga não a violência’, e quando chega encasa agride os filhos e espanca a mulher. Devemos assumir nossa identidade de forma coerente, sensata e humana. Não devemos nos permitir ser ‘ogros’ estúpidos e inconsequentes.
Se nos percebermos apenas como homem é mulher, o brasão estampado em nossa camiseta, realmente fará a diferença. Instigando o preconceito e discriminação sutilmente inseridos neles. Mas se nos compreendermos como seres humanos, o que fará a diferença são as nossas atitudes e escolhas. É possível acabar com o preconceito! É possível sim, reduzir as mazelas sociais! É possível mudar o mundo! Mas de nada adianta ser possível! Pois, para mudar o mundo, o primeiro passo é nos mudarmos internamente. Nos compreendermos e compreendermos o outro de forma humana. Você é capaz de fazer essa transformação? Você é capaz de dar o primeiro passo?
Sérgio Rosa - Dir. Afro-Cena

sexta-feira, 25 de março de 2011

Estudante negro terá que deixar o sonho de concluir a faculdade por causa de policiais militares


Estudante deixa cidade do interior gaúcho após denunciar agressão e racismo praticados por PMs.

Helder Santos nasceu na Bahia, e morava em Feira de Santana até alguns anos, quando passou no vestibular para História na Unipampa, em Jaguarão, no Sul do Rio Grande do Sul. Estuda e trabalha na prefeitura da cidade. Na semana anterior do carnaval, ele e seus colegas de trabalho foram parados em uma ação da Brigada Militar na saída de uma festa. 

Um amigo de Helder começou a apanhar, e ele interveio. Quem conta a história é a integrante do Movimento Negro Unificado, Consuelo Gonçalves. “Quando viu um amigo ser espancado e ser chamado de negro se colocou, e a polícia foi mais violenta com ele, algemou, levou para a delegacia, sob alegação de desacato de autoridade porque ele disse que eles estavam sendo racistas quando chamaram o companheiro de negro e bateram ainda com mais força”, comenta.
Quem fala, agora, é o próprio Helder. “Quando eu virei pro lado, tinham dois policiais agredindo um amigo nosso. Aí, outro policial me mandou virar para a parede, ele disse ‘olha pra parede, negão’. Eu virei em direção para o meu amigo, ele me chamou de novo de negão. Aí perguntei por que ele estava falando comigo daquela forma, para ele olhar para a cor dele, porque ele também não era branco. Aí ele mandou me algemar, me bateu com um cacetete no ombro e na barriga”, conta.

Helder procurou a corregedoria da Brigada Militar, que instaurou processo para investigar os responsáveis, apontados por colegas como soldado Osni e sargento Ávila. Também fez denúncia ao Ministério Público da cidade por abuso de autoridade e discriminação racial. Registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil, e deu entrevista em uma rádio. Foi a gota d’água. Helder recebeu uma carta de um soldado da Brigada Militar, dizendo que ele deveria se cuidar, porque os envolvidos eram perigosos.
Um trecho da carta, anônima, diz: “O Osni já está até esfregando as mãos, e disse que vai te levar para dar uma volta no carnaval, que vai te colocar na viatura e te levar para a zona rural e te agredir, (…) ele está incomodando todo mundo para conseguir uma arma de choque. (…) O major (Ferreira, comandante da BM de Jaguarão), já avisou que é para te ‘embolachar’ (…). A ordem é te bater sem deixar marcas gerais, peço que tu tomes cuidado no carnaval”.
A carta dizia para que ele procurasse ajuda com o movimento de Direitos Humanos, Movimento Negro, Comando Regional da BM em Pelotas, Ministério Público, e voltasse a falar na rádio local. A carta, segundo Consuelo, do Movimento Negro, foi de alguém amigo. “Ele dá nomes de brigadianos e sugere que ele vá até a regional (da BM), e que ele se proteja, que saia de Jaguarão. É alguém que avisa. Agora, o segundo, é uma coisa horrível”, conclui.

O segundo alerta não vem da mesma pessoa, mas de um dos próprios agressores A nova carta, desta vez, tem selo de Bento Gonçalves. A correspondência começava com “Baiano Nego Sujo”. Em um dos trechos, a ameaça era a seguinte: “se tu for lá na Brigada e falar a verdade e me caguetar no meu processo, eu vou te cobrir de porrada. No carnaval, tu escapou, mas dei um jeito de embolachar teu amiguinho Seco Edson sem sujar as mãos. Deixamos a cara dele mais feia e preta que a tua, seu otário”. Em outro momento, a pressão era para que ele deixasse a cidade.
Para o secretário Estadual de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira, a denúncia é grave e será alvo de atenção da pasta. Fabiano Pereira designou duas equipes, uma de investigação e outra de proteção, para a cidade de Jaguarão. “Nós vamos atuar em duas frentes. Uma que é a proteção dessa pessoa, para que sua vida não corra risco. Por outro lado, vamos fazer uma investigação o mais rápido possível, uma investigação sobre o caso, para saber a veracidade dos fatos e tomar as devidas responsabilidades e providências”, enfatiza.
Helder embarcou em um carro da Unipampa por ordem da Secretaria de Direitos Humanos às 15h desta quinta-feira, em direção a Porto Alegre. O advogado do jovem, Onir Araújo, protocolou denúncia na Secretaria Estadual de Segurança Pública. A Brigada Militar tem duas sindicâncias em andamento contra o soldado Osni Silva Freitas, o sargento Ávila e o major José Antônio Ferreira da Silva. A primeira é sobre a agressão.
O comandante Regional da BM em Pelotas, Coronel Flávio Lopes, diz que, nas abordagens, podem ocorrer abusos, que sempre são investigados. “A abordagem é um contato físico, e é possível que um policial militar possa ter exagerado ou usado expressões inadequadas. Para isso, a BM possui mecanismos de depuração muito fortes, muito rígidos. Toda vez que uma pessoa se sente lesada ou ofendida, e chegando ao conhecimento de qualquer comandante da Brigada, é imediatamente instaurado um procedimento de investigação”, explica.
A segunda, sobre denúncias de moradores que informaram que os três comandam uma milícia na zona rural da cidade. Os policiais, conforme as informações da sindicância, cobrariam dos agricultores para realizar a segurança e outros serviços. O coronel Flávio Lopes afirma que essa situação não pode mais ocorrer no Rio Grande do Sul. “Eu só posso enxergar de uma maneira: todo e qualquer fato que se relacione à milícia tem que ser extirpada da corporação. Ninguém compactua com isso, nem a Brigada, nem a sociedade. Não significa que sejam as mesmas pessoas, isso ainda está sendo apurado por um oficial de fora de Jaguarão”, reitera.
As duas sindicâncias devem estar concluídas em abril. Se a conclusão for pela culpa dos três, eles podem até ser expulsos. Se for esse o resultado, o relatório será encaminhado para o Ministério Público, que deverá, então, abrir processo criminal contra os policiais.
O comandante da BM de Jaguarão, major José Antônio Ferreira, nega qualquer participação e diz que tudo está sendo investigado. “Pra mim não porque houve um excesso, como está colocado aí, mas vamos apurar o que aconteceu no local. Aqui, nós somos bem transparentes, só que está havendo um sensacionalismo de quem está levando a matéria para vocês”, afirma.
Em Porto Alegre, Helder será enviado para um abrigo de acolhimento provisório. Depois, vai voltar para a Bahia. Ele está triste. “Eu não sei nem o que falar, porque eu vim pra cá com tantos sonhos, já estava concretizando alguns deles trabalhando como estagiário de história na prefeitura, e vou ter que abandonar tudo e retornar para casa”, lamenta.

A Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual, sob o comando da promotora Miriam Balestro, também investiga o caso. A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial recebeu a denúncia, que preocupa a ministra Luiza Bairros.
Fonte: Círculo Palmerino 

quinta-feira, 24 de março de 2011

Vasco na luta pela Igualdade


A terceira camisa vascaína foi lançada na manhã desta quinta-feira (24/03), na Sede Náutica da Lagoa. O evento contou com a presença do presidente Roberto Dinamite, de vices presidentes do Vasco, do diretor de marketing Marcos Blanco, do diretor executivo de futebol Rodrigo Caetano, de dirigentes, sócios, jogadores e convidados.
O novo uniforme “Camisa Negra”, relembra um capítulo muito emocionante na história do clube que é o ato histórico e heróico, datado em 1924, quando José Augusto Prestes, então presidente do Club de Regatas Vasco da Gama, desistiu de se filiar à Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), negando a solicitação da organização, que pedia a retirada de 12 jogadores negros do time. Iniciava, naquele momento, a grande luta dos guerreiros do almirante em favor da democracia e da inclusão social no futebol brasileiro, que até então restringia a prática da modalidade apenas à elite.

Antes do lançamento do novo manto sagrado, foi realizado um simpósio sobre racismo. O presidente da Fundação Palmares e ex Ministro da Igualdade Racial, Eloi Ferreira e o vice presidente de relações especializadas do Vasco, João Ernesto, comandaram o debate. O presidente Roberto Dinamite também formou a mesa do simpósio. Logo após o discurso sobre racismo, aconteceu o desfile de apresentação do novo uniforme. A musa de uma das edições da Revista Oficial Kênia, o goleiro Fernando Prass, o meia Bernardo, o zagueiro Dedé e o ex-BBB Kadu Parga foram os modelos. Segundo Roberto Dinamite, o novo uniforme, representa muito bem o Vasco.
- Esse novo terceiro uniforme dá às novas gerações a possibilidade de conhecer e discutir um assunto que se passou em 1924, mas que é motivo de orgulho até hoje, para todo vascaíno, porque ele trata do processo de democratização no esporte, que impôs o respeito à igualdade e o direito à cidadania. Esta camisa representa bem a história do Vasco - disse Roberto Dinamite.

Lançamento: Camisa 3


O evento também contou com a presença dos atores mirins Matheus Costa e Luiza Gonzales, os dois concorrem ao prêmio de melhor ator do ano 2010. Os cruzmaltinos interpretaram os irmãos Tadeu e Laura da novela Escrito nas Estrelas. Os ilustres convidados que receberam o carinho do presidente Roberto Dinamite no evento, aprovaram a nova camisa.

- Durante a apresentação o presidente olhou para mim e sorriu. Naquele momento me senti como uma verdadeira parte do Vasco. Não tenho nem palavras para explicar o momento que presenciei hoje, onde subi no palco e fiquei do lado de Roberto Dinamite. Já sobre a camisa que ganhei, adorei. A camisa é tão confortável que dá para dormir com ela – brincou Matheus Costa.

- Fiquei muito feliz em ter vindo no lançamento da nova camisa. Ela é linda, muito legal estar presente e ainda ganhar a camisa – disse Luiza González.

Lançamento: Camisa 3

A nova camisa 3 do Vasco foi produzida com uma tecnologia inovadora e exclusiva da Penalty, a PoliPIMA. Uma construção de tecidos, que mistura as fibras naturais do algodão pima e o sintético da microfibra de poliéster. Essa combinação proporciona características importantes aos atletas como: performance, leveza, conforto, rápida absorção, além do transporte e secagem do suor, eliminando o efeito colante. O tecido conta também com um melhor tratamento bacteriostático, impedindo a proliferação de bactérias causadoras do odor indesejável.
  
Lançamento da Camisa 3


 Fonte: Site do Vasco

Educadoras receberam a medalha da Ordem Nacional do Mérito


Presidente Dilma concede a professoras prêmio por atuação como educadoras



Profa. Pós-Doutora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva                  Relatora do parecer nº 3 de 2004, do CNE, que estabeleceu                    diretrizes e colocou definitivamente a cultura negra                         dentro dos parâmetros curriculares brasileiros.
22/3/2011 8:10:00

medalhaAssessoria de Comunicação Social (MEC)

Onze educadoras receberam nesta segunda-feira, 21 de março, a medalha da Ordem Nacional do Mérito, entregue pela presidente Dilma Rousseff, em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília. Os perfis das ganhadoras são variados, desde acadêmicas de renome até professoras do interior do país, mas o empenho em prol da educação as iguala como cidadãs exemplares.

A Ordem Nacional do Mérito é uma das mais importantes honrarias do Brasil. Criado pelo decreto-lei nº 9.732, de 4 de setembro de 1946, o título é conferido a cidadãos brasileiros que, “pelas suas virtudes e mérito excepcional, tenham se tornado merecedores desta distinção”, conforme diz o documento.

Gilda Kuitá, da etnia caingangue, foi uma das primeiras 19 indígenas a aprender a forma escrita do seu idioma materno. Em 1974, aos 18 anos, Gilda começou a alfabetizar indígenas na língua caingangue em sua comunidade, no Paraná. Passados 39 anos, ela é uma das onze educadoras que receberão a medalha da Ordem do Mérito, como reconhecimento pela sua atuação na preservação do idioma caingangue. Para a professora, que já era condecorada entre os povos indígenas, o título demonstra a gratidão também dos “povos brancos”. “Nunca imaginei que a sociedade branca fosse me homenagear por defender a minha língua”, relatou.

A escolha das educadoras vai ao encontro de duas diretrizes defendidas pela presidente Dilma, a valorização do profissional da educação e também das mulheres. Tanto as comunidades beneficiadas pelo desempenho das professoras quanto técnicos do Ministério da Educação e de outros órgãos federais estiveram envolvidos na escolha das homenageadas. A solenidade integra as festividades pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado tradicionalmente no dia 8 de março. Em 2011, a data será celebrada durante todo o mês.
Fonte: Site do MEC de 21/03/2011 

terça-feira, 22 de março de 2011

O Brasil após a expansão das politicas de ações afirmativas


O acesso a educação assim como a valorização da cultura negra e o combate a discriminação étnico-racial constituem os principais eixos organizadores das pautas reivindicatórias do movimento negro brasileiro,compreendendo a educação formal como um elemento instrumental na busca por neutralizar os efeitos nocivos da escravidão e no reposicionamento da população negra na hierarquia social.

Passados 10 anos da pioneira experiencia que se promoveu por meio de lei, a reserva de vagas para estudantes afrodescendentes (lei 3.708/01) no ensino universitário, hoje já contamos com um numero superior a 80 universidades publicas que já adotam algum programa com este proposito e este índice cada vez mais vem sendo ampliado.
O processo de expansão das politicas de ações afirmativas para acesso da população afrodescendente no ensino superior é fruto de uma intensa disputa travada no campo ideológico e do direito, a qual os partidários contrários ao sistema de cotas sustentam que a dinâmica da desigualdade no Brasil é explicada pela baixo posicionamento da população negra na base da hierarquia socioeconômica em detrimento ao pertencimento étnico-racial, entendimento este defendido por setores conservadores e atrasados da nossa sociedade.
Por outro lado defensores do sistema de cotas, o compreendem como um instrumento tático na recondução do debate sobre a existência do racismo em nosso país e estratégico no sentido de empoderar negros e negras ao inclui-los nos espaços de formação da elite intelectual e dirigente, tal qual é compreendida a universidade brasileira, derrubando de vez a farsa da democracia racial.
Desafios
Mesmo hoje sendo uma realidade, as politicas de reserva de vagas vem sofrendo constantes ataques de seus detratores que atribuem o acesso da população negra aos bancos universitários a perda de significativos privilégios somente a “eles” deferidos, posicionando os movimentos sociais progressistas em estado de alerta permanente.
Muitos são os desafios a serem superados na busca pela eliminação do caráter discriminatório da sociedade brasileira e a universidade cumpre um importante papel nesta disputa, destacando a sub-representação da população negra nos quadros discentes haja visto que hoje os afrodescendentes representam cerca de 51% do total da população do nosso país, a construção de novas matrizes epistemológicas que confrontam perspectivas colonizadas na produção do conhecimento cientifico e politicas publicas que permitam aos estudantes cotistas construírem uma trajetória sustentável até a conclusão de seus cursos.
Novas Perspectivas
Historicamente a juventude vem sendo tratada como uma fase conturbada no processo de transição a vida adulta e constantemente atrelada a problemas de sociabilização.
Contudo hoje vivenciamos significativos avanços no campo das politicas publicas para a juventude (PPJ’s) visando estabelecer novos parâmetros nas relações do poder publico com as mesmas, onde aberturas democráticas que permitam participação no processo de formulação, implementação e controle social destas politicas tem reconfigurado os tratamento destinados aos jovens.
As politicas publicas de juventude tem a importante tarefa de manter um profícuo dialogo com as politicas educacionais visando promover o aprofundamento dos direitos dos(as) jovens que vive em situação de vulnerabilidade com destaque especial para a juventude negra.
Mesmo com a universalização do ensino fundamental e com o crescente investimento no ensino médio, a juventude negra, em função dos limites estruturais impostos pela sociedade sustentam menores índices de escolaridade em relação a juventude branca, sendo quena maioria das vezes acaba por abandonar os estudos para se inserir no mundo do trabalho e mesmo para aqueles(as) que conseguem lograr sucesso nesta etapa da escolarização, quando chegam ao ensino superior ainda encontram enormes desafios.
As politicas de reserva de vagas para afrodescendentes nas universidades devem vir acompanhadas de programas de permanência que permitam aos estudantes cotistas o pleno exercício da vida acadêmica e em contrapartida devera estar concatenada com politicas publicas que permitam a estes mesmos jovens ter uma existência sustentável fora dos muros universitários.
A insuficiência nas verbas para assistência estudantil não cobre toda demanda a que se destina,fazendo com que os estudantes tenham que buscar formas de se sustentarem para completar a sua formação a qual na maioria das casos os desfechos são o abandono da vaga duramente conquistada.
Politicas publicas que dialogam com demandas reais da juventude negra como o meio passe escolar, a construção de restaurantes populares e universitários, ousado investimento em bolsas permanência, creches,reforma urbana, reorientação no tratamento dado a juventude negra pelo aparato de segurança publica e o adiamento da entrada no mundo do trabalho garantido pelo estado, são perspectivas concretas de que estarão sendo ofertadas as condições objetivas para a nossa juventude vivenciar de fato a dignidade que nos é de direito.
Contudo para que tenhamos sucesso nessa busca, é muito importante que as mesmas instituições de ensino superior que ousaram implantar reservas de vagas para afrodescendentes, façam um criterioso processo de avaliação e que apontados os limites possamos todos juntos poder publico e sociedade civil contribuir na busca de sua superação.
Clédisson Júnior é diretor de Combate ao Racismo da UNE e memb

sábado, 19 de março de 2011

Secretaria da Igualdade Racial executou menos da metade do orçamento em 2010



O Brasil possui 13,3 milhões de pretos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde 2003, esta parcela da população passou a receber atenção especial do governo, com a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), cuja missão é estabelecer iniciativas contra as desigualdades raciais no país. No ano passado, a pasta teve orçamento autorizado em torno de R$ 69,8 milhões, mas só desembolsou efetivamente R$ 28 milhões, ou seja, 40% do previsto para reafirmar o compromisso com uma política governamental voltada aos interesses da população negra e de outros segmentos étnicos discriminados (veja tabela).
No programa “Brasil quilombola”, o orçamento previsto esteve em R$ 14,2 milhões. Mas, ao final de 2010, foram gastos R$ 7,6 milhões, equivalentes a 54% do volume autorizado para assegurar às comunidades remanescentes de quilombos a propriedades de suas terras o desenvolvimento econômico sustentável, além da infraestrutura adequada para suas atividades e melhoria das condições de vida.
Entre as atividades previstas no programa estão o apoio a centros de referência em comunidades remanescentes de quilombos e a capacitação de agentes representativos das comunidades remanescentes.
Já para as ações relacionadas à “Promoção de políticas afirmativas para a igualdade racial” foram desembolsados R$ 11,8 milhões, menos de um terço do orçamento previsto, na ordem de R$ 44,1 milhões. O programa objetiva reduzir as desigualdades raciais e promover uma cultura não-discriminatória, com exercício pleno da cidadania e melhores condições de vida para toda a sociedade, independente da cor ou raça.
Integram a súmula do programa o apoio a conselhos e organismos governamentais de promoção da igualdade racial, a qualificação de afro-descendentes em cidadania, gestão pública e para o trabalho, além do fomento a edição, publicação e distribuição de material bibliográfico e áudio-visual sobre igualdade racial.

Na próxima segunda-feira (21), se comemora o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial e também oito anos de criação da Seppir. Embora as aplicações não estejam em ritmo adequado de execução, o orçamento autorizado para este ano é o maior da história, quase R$ 94,8 milhões, dos quais R$ 3 milhões já constam na reserva de contingência e não poderão ser utilizados (veja tabela).
Até a última semana, foi desembolsado R$ 1,8 milhão, sendo R$ 34,8 mil para o programa de “Promoção de políticas afirmativas para a Igualdade Racial” e R$ 110,6 mil para o “Brasil quilombola”. Atividades administrativas da pasta consumiram R$ 1,7 milhão. De forma detalhada, entre os gastos já efetuados em 2011 estão R$ 24,7 mil com diárias e R$ 122,2 mil com passagens e despesas com locomoção. Já para locação de mão-de-obra foram dispensados R$ 41,4 mil.
A assessoria da Seppir informou que não conseguiria informar, até o fechamento da matéria, os motivos que teriam levado a baixa execução do orçamento da pasta no ano passado. Contudo, no ano passado, a Seppir havia informado ao Contas Abertas, que teve parte do orçamento contingenciado em 2009, o que teria inviabilizado o cumprimento total da programação prevista. Naquele ano, a Seppir teve R$ 42,2 milhões autorizados, dos quais aplicou R$ 29,5 milhões (70%), em valores corrigidos pelo IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas. A reserva de contingência ajuda a compor as metas de superávit primário, economia feita para pagar os juros da dívida pública.

Fonte: Amanda Costa
Do Contas Abertas