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domingo, 11 de janeiro de 2009

Cursos afro terão R$ 3,6 milhões em 2009!



Conforme solicitação de 72% dos municípios, em seus planos de ações articuladas (PAR), a formação de professores na temática étnico-racial, história e cultura afro-brasileira, o Ministério da Educação selecionou 27 universidades públicas, federais e estaduais, para organizar os cursos e produzir material didático-pedagógico em 2009.

Para executar essa tarefa, as universidades terão R$ 3,6 milhões. Cada projeto recebeu, no final de 2008, entre R$ 100 mil e R$ 150 mil. Entre as 27 universidades, o Ministério escolheu duas instituições para organizar livros e criar vídeos para uso de professores e alunos nas salas de aula.

A UFSCar vai produzir livros para o professor e para o aluno das séries finais do ensino fundamental, e a UFRGS vai criar um vídeo sobre a história da África. Entre as instituições que farão seleção para curso no início deste ano, está a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Campus da cidade de Jequié.

O curso está previsto para começar em 21 de março. Entre as disciplinas do currículo elaborado pela UESB, estão a antropologia das populações afro, história e cultura afro-brasileira, diversidade lingüística. As aulas terão início em fevereiro.

Entre os temas a serem abordados, estarão a literatura africana e afro-brasileira, violência e relações raciais, estudos sobre a África, relações étnico-raciais no Brasil, territórios quilombolas, saúde e grupos étnico-raciais.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Oliveira Silveira: Tua presença na ausência fortalece a nossa luta!


"...Nossos mortos não morreram, eles estão presentes entre nós.."
(Birago Diop - poeta africano senegalês)


O professor, poeta e pesquisador gaúcho Oliveira Ferreira da Silveira morreu nesta quinta-feira, 01/01/09, em Porto Alegre. O óbito ocorreu na noite do Dia Mundial da Paz, em decorrência de um câncer, no Hospital Ernesto Dornelles, onde estava internado há 15 dias.

Natural de Rosário do Sul (RS), era formado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com especialização em língua francesa, e professor aposentado da rede pública de ensino. Era divorciado. Deixa filha e netos. Seu corpo será cremado amanhã, em cerimônia reservada. As cinzas serão transportadas para sua cidade natal, de acordo com desejo expresso a familiares e amigos.

Era conhecido nacionalmente pelo 20 de Novembro - cujas comemorações se iniciaram em 1971 pelo Grupo Palmares, na capital gaúcha -, como data referência para os afro-brasileiros em contraponto ao 13 de Maio, Dia da Abolição da Escravatura.

Em sua homenagem, deixamos aqui postado um dos poemas mais forte, belos e reconfortantes. Assim como o convite para inspirados em teus versos permanecermos firmes na luta iniciada por ti. Que Oxalá te receba com a distinção a qual sempre fizeste por merecer. Axé!



Treze de Maio

Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão

Liberdade de asas quebradas como este verso.

Liberdade asa sem corpo: sufoca no ar, se afoga no mar.

Treze de maio – já dia 14 o Y da encruzilhada: seguir banzar voltar?

Treze de maio – já dia 14 a resposta gritante:pedir servir calar.

Os brancos não fizeram mais que meia obrigação

O que fomos de adubo o que fomos de sol ao que fomos de burros cargueiros

o que
fomos de resto o que fomos de pasto senzala porão e chiqueiro

nem com pergaminho nem pena de ninho nem cofre de couro nem com lei de ouro.

O que fomos de seiva, de base, de Atlas o que fomos de vida e luz chama

negra em
treva branca quem sabe só com isto:

que o que temos nós lutamos para sobreviver e também somos esta pátria em nós

ela está plantada nela crispamos raízes de enxerto mas sentimos

e mutuamente
arraigamos quem sabe só com isto:

que ela é nossa também, sem favor, e sem pedir respiramos seu ar a largos narizes

livres bebemos à vontade de suas fontes a grossas beiçadas fartas tapamos-

destapamos horizontes com a persiana graúda das pálpebras escutamos seu

baita
coração com nosso ouvido musical e com nossa mão gigante

batucamos no seu
mapa, quem sabe nem com isso

e então vamos rasgar a máscara do treze

para arrancar a dívida real com nossas
próprias mãos.


Oliveira Silveira Banzo - Saudade Negra